domingo, 19 de outubro de 2008

O Terminal

Eu a esperava impaciente. Liguei pra ela, não tinha nem saído de casa ainda. O jeito era começar a me acostumar com aquele ambiente. Olhava para um lado, para ao outro, nada demais. Pessoas correndo, de lá para cá, e visse versa. Jovens, velhos, homens, mulheres, brancos, negros, pardos. Tinha todo tipo de gente ali. Mas infelizmente, ninguém como ela.
Olhava para o relógio, ainda faltava muito tempo. Algumas balas, conseguiram me distrair por um tempo, apenas por um tempo. Sentei-me. Duas garotas passaram olhando para mim, depois cochicharam, uma no ouvido da outra. Mal as reparei, só pensava nela. Um senhor sentou fumando do meu lado, a fumaça insuportável me tirou dali. Levantei.
Já estava cansado de andar de um lado a outro, cansado de ficar sentado ou em pé, cansado de esperar por ela. É impressionante, a idéia de movimento, que aquele local dá. Vários ônibus iam e vinham carregados de pessoas, a maioria apressadas. Era a típica amostragem do cotidiano, da correria do dia-a-dia. Pessoas indo para o trabalho, para casa, praia, ou qualquer canto. Já tive nesse tipo de local várias vezes, mas nenhuma, tive olhos para perceber tudo que percebi nesse dia. Acho que eram a ânsia e a impaciência da espera que me faziam reparar melhor no cenário em qual eu estava. Pessoas bonitas e feias, bem e mal vestidas, de todo tipo, ninguém como ela.
Muita gente mal educada, cuspindo no chão, jogando papel, plástico, metal, sei lá. Muita gente parece viver em meio àquele lugar. Seguranças, motoristas, fiscais, vendedores. Vi muitas mulheres. Morenas, loiras, ruivas. Nenhuma mulher ali tinha no cabelo, a cor que ela tem. Nenhuma ali tinha na boca, o sorriso que ela tem, ninguém como ela.
Olhei, novamente, o maldito relógio que parecia estar parado. Reli todas as suas mensagens, era um jeito de passar o tempo. Instantes depois, recebi mais uma mensagem sua. Em minutos, ela chegou. Estava linda, do jeito dela. Demos as mãos, um beijo, tomamos um ônibus e saímos dali.
Garanto que toda a espera valeu a pena.

5 comentários:

  1. "Estava linda, do jeito dela"

    que fofo *.*

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  2. Até que enfim tu fizeste um blog.
    Tava na hora de publicar algumas coisas.

    "O Terminal" retrata, para mim, a espera impaciente de um jovem por sua namorada. Cada detalhe, cada nuance, procura desviar a atenção do leitor para que, instantes depois, ele seja conduzido novamente à imagem da garota.

    Texto de boa qualidade.

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  3. não foi difícil descobrir sobre o que ou quem foi inspirado depois de ter lido a primeira linha...

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