segunda-feira, 4 de abril de 2011

Parque de diversões.


Já adulto, precisando de momentos de inspiração decidi visitar um parque. Uma criança em especial me tomou a atenção. Tava nos braços da mãe, entretida com um pirulito na boca. Fascinada com o festival de cores e emoções, a moleca tava se sentindo em outro mundo, em um mundo onde só a sua inocência permitiria acontecer. Tentando me projetar em pensamentos semelhantes aos da garota, revirei toda minha mente atrás do que me faria feliz, se eu possuísse tamanha inocência.

Não existiria preconceito, tudo que é novo e velho será bem visto e aceito, mesmo diferente. A razão e a moral serão amadas. Os discursos devem ser respeitosos. A ignorância será extinta. A conduta única, para todos os seres será o bom senso. Cada um vai ser dono de si, fará o que quiser e arcará com o que fizer. Você opta pelo que bem entender para o seu corpo, desde que você arque com a sua saúde depois.

A arte tornar-se-á supervalorizada. Artistas se sentirão em casa e todos os lugares serão palcos, os sentimentos estarão sempre à flor da pele, tudo vai parecer brincadeira. A noite e a lua girarão em torno de cada um. O conceito de diversão não terá limites. Suas felicidades não serão mapeadas nem terá hora para ser feliz. Religião vai ter se tornado uma grande piada dos séculos passados e as pessoas boas não farão coisas ruins sem saber.

Entenderemos os propósitos de nossos empregos, e trabalharemos por saber que é necessário, mas não seremos escravos da produção. Não existirá o trânsito infernal. A população será bem disposta nas cidades e as vias terão um bom estado. No meu futuro, a única lei é preservar.

Só assim, eu ficaria tão fascinado quanto à garota nos braços da mãe. Isso é tudo que eu sonhei para o futuro, e isso é, infelizmente, tudo que eu sei que ele não será. Quanto mais eu penso sobre, mais impossível isso me parece. Na verdade, o que nos espera é um futuro enfadonho e sacal, como em um domingo à tarde, sem parque de diversões.

2 comentários:

  1. Seria a sociedade perfeita, né? Mas como esperar um mundo sem preconceito se praticamente a moda é rotular, ou um mundo onde a arte é vida se somos tomados e invadidos todos os dias pela indústria cultural que vende Luan Santana e Restart como grandes produções? Como um mundo sem trânsito se somos tão egoístas, e, ainda, um mundo onde se trabalhe com o que gosta se ne realidade a grande ambição é ter status? Seria perfeito, mas é realmente tudo o que não vamos ter. e ser

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